X-GLASSES
X-GLASSES
Escola Secundária da Povoação dos Açores

X-GLASSES 


Saí de Kepler-186f para cumprir a minha missão: colecionar histórias de planetas e das suas formas de vida. Fiz pousar nave num local que me pareceu agradável para iniciar o meu trabalho, porém, o calor sufocante, o cheiro horrível, o ar pesado e a incapacidade de ver com nitidez, tornavam a tarefa desesperante. Mas não podia desistir antes de começar! Já passara por outros milhares de planetas e todos eles diferentes, todos eles com um propósito neste vasto Universo.

Tive de recorrer ao sensor de distância, pois aquela atmosfera diferente do meu planeta, com um índice de refração diferente, não me permitia calcular corretamente as distâncias.

O efeito de estufa era brutal! Como permanecer naquela humidade?! Vi os valores do dióxido de carbono captados pelo meu sensor e… só podia estar avariado (pensei)! Não podia ser! Não admirava aquela sensação!

De repente, no meio da minha divagação, apareceu-me um nativo: roupas claras, todo coberto. Parecia uma larva…ri!

Quis conhecer mais sobre a história do planeta, mas a informação que tinha recolhido até ao momento era vaga, parecia que faltava algo … no meu planeta todos partilhávamos a história desde o princípio dos tempos, éramos UNO.

Gostava de conhecer a história desses mundos por onde passava, guardava-a e catalogava-a, pois a experiência era única e serviria para um bem maior.

Tão belo fora o planeta! Gigantes verdes, meteoritos, o fim, o recomeço, a evolução das espécies (aquela em particular), a construção de civilizações, as mais belas obras de arte e depois… a ganância! Quase me espantava … Q-U-A-S-E. Digo-o, porque me fez lembrar parte da história do meu próprio planeta, que em tempos idos e por muito pouco não vivera aquele presente que via à minha frente.

Durante esse tempo, o nosso sistema financeiro mudou completamente: o antigo sistema faliu, surgindo um sistema de recompensas. A pessoa é recompensada cada vez que pratica o bem ao próximo, é a nova moeda de troca. O petróleo foi substituído completamente por fontes de energias limpas. Todas as moradias são autossustentáveis. Já não existe fome. Depois da Terceira Guerra veio uma pandemia global que matou mais de três biliões! Foi um momento caótico, foi uma pandemia viral psicossomática que afetava somente quem era incompatível com a vibração de amor ao próximo. Não havia para onde fugir. O consciente possuía as suas próprias leis de funcionamento que fugiam totalmente à consciência, e foi por meio dessas leis que foi desvendado o mecanismo que havia por trás dos sintomas histéricos. Foi o grito final, o grito da mudança!

Depois de deambular nos meus pensamentos regressei à “Titã” e procurei … nem sei o que procurava, mas algo me despertou a atenção; encontrei uma caixa velha e poeirenta e meti-a ao bolso. Encontrei também vários sensores e uns velhos óculos, muito semelhantes na estrutura aos meus.

Vou juntar tudo!

Entre muito trabalho e fios, nasceram os irmãos gémeos dos meus “X-Glasses”, que vão permitir analisar e calcular as condições ideais para os trabalhos de campo.

Voltou-me à ideia o nativo. Vou tentar ajudá-lo a reconstruir e salvar o seu planeta.

Os problemas eram inúmeros, tantos que nem um décimo a minha invenção poderia solucionar, mas uma ajuda seria sempre uma ajuda.

Decidi voltar ao lugar onde o tinha encontrado para começar a testar os novos óculos. Encontrei quem pretendia.

– “Ainda há tempo! Ainda há tempo!” – dizia o velho habitante, olhando para mim, numa língua desconhecida.

Não percebia aquela língua. Precisava fazer algo … ali estava eu, tão longe da minha missão. Nenhum dos meus sensores estava programado para tal. Foi então que me interroguei: e o velho aparelho que encontrei no baú? Será que me podia ajudar? Em momentos destes tudo vale!

Após retirar a poeira e com uma boa dose de paciência consegui acionar o aparelho. O habitante continuava a proferir as suas exclamações e, de repente, para o meu e o seu espanto, a caixa começou também ela a falar, com e como ele.

– “UAU! Um tradutor universal!”

Foi então que percebi que aquele nativo, resignado há muito, desde o primeiro momento em que se cruzou comigo começou a ter aquelas exclamações, como que se tivesse sido inundado de esperança …

Depois de uma longa conversa percebi que o meu instinto estava certo, podia ajudar a mudar o destino daquele planeta.

Por onde começar? Como poderia aquela espécie se reconstruir?

Os óculos! Mostrei então a minha invenção, que a mim ajudam a adaptar à vida noutros planetas, e a eles, servirá para se adaptarem e resolverem o problema que eles mesmo criaram, juntamente com umas aulas de ecologia e sustentabilidade; será a solução!

Com a ajuda do tradutor ensinei aquele habitante a usar os óculos e também a produzir objetos eficientes e sustentáveis para o seu planeta… algo com futuro! E assim, aquele ser que, outrora no seu casulo, agora se metamorfoseava num outro ser!

Para minha surpresa vejo outros habitantes a juntarem-se a nós, saíam dos seus esconderijos, inicialmente apreensivos, mas depois confiantes, para saberem mais sobre aquela invenção!

Os óculos eram apenas uns e, ao serem usados por todos, podia-se ver renascer dentro deles as qualidades passadas, durante largos anos desaproveitadas. Renasceram engenheiros, médicos, arquitetos e muitas outras profissões apagadas da memória.

Com o tempo, desenvolveram-se novos óculos conforme as necessidades iam surgindo.

Lentamente, prédios reconstruiram-se, monumentos reergueram-se e, o mais importante de tudo, toda uma tecnologia sustentável começou a ser criada.

E com os dias, as semanas, os meses, escreveu-se um novo capítulo na História!

-Ahh! Respiro! Vejo! Sinto!

Todos voltavam a apreciar as combinações do verde da Natureza e do azul do céu ... Há tanto tempo que aquelas cores tinham desaparecido … e já não tinham de se cobrir! A camada de ozono regenerou-se!

Para ILFAI1, paralelamente à sua primária missão, criou uma MAIOR, a reconstrução de um lar, o devolver a esperança a um povo.

O futuro só depende de nós, não esperes nenhum ILFAI. Vive, sonha e cria!


FIM



Autores: Beatriz Ferreira, Lucas Junípero, Éric Carreiro, Bruno Oliveira, Miguel Furtado

Alunos do 12.º ano.

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