Sinais de Fogo é um dos romances maiores do século XX português. A tecitura reflexiva, poética, sensorial enquadrada numa acção ora lenta ora fulgurosa obriga a tudo aquilo que hoje supostamente afasta os leitores: dedicação, concentração, tempo, luta com o texto. É por isso um livro recomendado aos leitores literários, aqueles que se disponibilizarão ao espanto, ao desconforto, ao questionamento que o romance provoca. Passada no verão de 1936 quando eclode a Guerra Civil de Espanha, a narrativa acompanha o protagonista, Jorge, numas férias de verão costumeiras à Figueira da Foz. Depois de o leitor ser introduzido no contexto citadino do estudante, das suas reflexões e dos seus hábitos, dar-se-á uma revolução interior na personagem ao longo dos meses estivais. É um romance de crescimento por certo, mas é muito mais do que isso. É um romance de violência explícita: violência infligida por uma masculinidade imposta, violência sexual que deriva da descoberta e do tabu, violência política e social. Jorge de Sena oferece-nos um quadro da burguesia salazarista a banhos com os seus rituais e os seus segredos, tanto quanto a subervsão moral e política ao regime. Mas nada é a preto e branco e é preciso conhecimentos prévios para a descodificação de uma parte da mensagem. A outra é universal, entre a poesia, um pendor existencialista e o eros. Jorge descobre a finitude, o efémero, a memória, e em suma a sua própria existência individual e solitária.

Palavras-chave

Erotismo, política, salazarismo, moral, existencialismo

Se gostaste, experimenta...

Correspondência – Sophia de Mello Breyner e Jorge de Sena, 1959/1978, Jorge de Sena, Sophia de Mello Breyner, Guerra e Paz
Nome de Guerra, José de Almada Negreiros, Assírio e Alvim
A Gorda, Isabela Figueiredo, Caminho

Ver