Mónica, a mão supersónica
Mónica, a mão supersónica
Escola Secundária Quinta das Palmeiras da Covilhã

“Mónica, a mão Supersónica”

Podcast


Escrevo o relatório policial dos acontecimentos daquela manhã de outubro de 2050. Escrevo. Um ato tão simples pelo qual sou grata todos os dias!

Na verdade, só nos damos conta da importância de algo quando somos impedidos de o realizar… Foi esta a conclusão a que cheguei no fatídico dia em que perdi a minha mão direita. Tudo começou como num dia normal, numa rusga a uns criminosos sinalizados e vigiados havia uns meses. Sem me aperceber, levei um tiro na mão e perdi todas as suas capacidades motoras. Os tempos que se seguiram foram muito complicados. Não sabia como iria continuar a minha vida e se conseguiria manter o meu trabalho como agente da polícia com a mão amputada…

Certo dia, tive uma proposta irrecusável: fui selecionada para um projeto futurista de reabilitação motora! Hoje, cinco anos após o terrível acidente, aqui estou a desempenhar a profissão que adoro com uma nova “parceira” para o dia a dia - chamo-lhe “Mónica”, a mão SuperSónica. O nome é uma homenagem à minha mãe, que sempre fez o impossível para que a minha vida fosse o melhor possível. Tal como ela, esta prótese biónica é extraordinária! A Mónica devolveu-me a capacidade de escrever, de manejar uma arma, de ter uma vida independente…

- Não acredito que gostas dessa canção, Jéssica! – reclama o meu parceiro pela milionésima vez.

- Tínhamos combinado que hoje era a minha vez de escolher – respondo, dando-lhe um encontrão amigável.

Todas as manhãs acontece o mesmo “problema”, com gostos musicais tão diferentes, torna-se difícil encontrar uma música do agrado de ambos enquanto fazemos a patrulha matinal.

Esta briga infantil é interrompida pela voz estridente do rádio: EMERGÊNGIA. CÓDIGO 522. REPITO. CÓDIGO 522!

Júlio responde de imediato com um tom de voz tenso, pois não é todos os dias que somos alertados para um assalto a um banco!

- Qual é o local? Escuto!

- Rua José de Castro, na baixa da cidade.

- Estamos perto! Vamos já a caminho.

Eu própria fico inquieta enquanto o meu parceiro aumenta a velocidade… Em apenas três minutos paramos à entrada do edifício. Tudo parece extremamente calmo – a calmaria antes da tempestade… O único sinal fora do normal é o facto de as portas estarem escancaradas e de não se ver vivalma nas proximidades!

- É melhor esperarmos por reforços…não sabemos qual é a situação – decide Júlio.

Neste preciso momento, ouvimos um grito angustiado vindo do interior do banco! Por mais imprudente que seja, não consigo resistir e corro em direção àquela voz. Não sei o que me leva a agir assim… Talvez o sofrimento ou desespero que a voz carrega? Para todos os efeitos, tenho comigo a Mónica e ela nunca me deixou mal!

Galgo o mais rapidamente possível as escadas e deparo-me com três assaltantes armados ameaçando a gerente. Antes de darem pela minha presença, ativo a funcionalidade de atração magnética da Mónica e, quase instantaneamente, os revólveres voam para a minha mão direita. A cara incrédula dos ladrões ao verem as suas armas na minha posse é sempre algo que nunca deixa de me satisfazer!

- Mãos ao ar! Afastem-se da mulher! Sigam as minhas ordens ou serei obrigada a disparar! – grito com a arma apontada na sua direção, ao mesmo tempo que atiro as suas para o chão.

- Bófia, tu não sabes com quem te estás a meter! - ameaça um, começando a caminhar…

Como é que há sempre quem nunca coopere? Para mostrar que falo a sério, Mónica dispara um raio azul contra o destemido que cai de joelhos com o impacto. Entretanto, Júlio, que acabara de chegar, algema-o. Naquela confusão, em escassos segundos, os dois assaltantes conseguem roubar-me a arma e um deles grita:

- Diz ao teu amiguinho para soltar o nosso colega ou quem dispara sou eu!

Aceno ao Júlio para fazer o que lhe pedem… Naquele momento, rezo para que Mónica intervenha e me salve daquela situação! Talvez tenha ficado demasiado confiante e dependente dela. Sinto que faz parte de mim, procurando o meu bem… Vá lá, amiga, é o teu momento de brilhar!

Nesse momento, não sei como, ela ativa um campo de forças que derruba os ladrões, colocando-os num estado de semiconsciência! Finalmente, a situação está controlada.

As sirenes dos reforços ecoam na rua e, antes de chegarem, já temos os criminosos algemados e os reféns em liberdade. “Tudo está bem quando acaba bem” …

Termino o relatório e não consigo deixar de estar grata por tudo o que aconteceu na minha vida e que me levou à aquisição da Mónica. Tenho de admitir que as suas funcionalidades adicionais são muito úteis no combate ao crime. Hoje foi mais uma prova disso!

É estranho, não me lembro da razão que me levou a uma ação imprudente – avançar antes da chegada de apoio poderia ter posto em causa a vida de muita gente. Desde quando é que passei a confiar tanto nesta prótese? Desde quando é que Mónica passou a ser… EU?

 

FIM


Autores: Mariana Pinheiro, Mariana Pedro, Ricardo Justino, João Resende, José Mariano, Mariana Morais, Francisca Valezim, Leonor Castro

Alunos do 11.º e 12.º anos

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