Página Inicial > Edição 0 > Artigos
Descarregar
PDF 3.24MB
EXPLORASTÓRIAS – Explorar a Ciência Escondida nas Páginas dos Livros
Catarina Schreck Reis, Helena Faria, Aurora Moreira e Paulo Renato Trincão

RESUMO

Página ante página exploramos ciência tendo como ponto de partida a história de um livro. No Exploratório - Centro Ciência Viva de Coimbra decorre, desde janeiro de 2016, o programa EXPLORASTÓRIAS, que, com a ajuda de mais de 10.600 grandes e pequenos exploradores, descobriu a ciência escondida em 38 livros para crianças com histórias e temáticas muito distintas. A criteriosa seleção dos livros dirigidos para a infância que são o ponto de partida para a exploração de ciência é feita pela equipa do Exploratório e, mais recentemente, com a colaboração da Livraria Faz de Conto, parceira do programa. Também foi estabelecida com as diversas editoras uma parceria sempre positiva e entusiasta. A quase totalidade dos livros explorados faz parte do Catálogo do Plano Nacional de Leitura. Especialmente pensado para crianças dos 3 aos 9 anos, o programa EXPLORASTÓRIAS tem o intuito de promover simultaneamente a literatura infantil e a literacia científica, não apenas junto das crianças, mas também junto dos adultos que as acompanham, tanto familiares como educadores e professores. Aos domingos de manhã, todos os meses, há uma nova história para explorar e, com a ajuda dos pais, avós e irmãos, fazem-se ainda mais descobertas. Durante a semana, com os amigos da escola e os professores, são várias as histórias que podem ser escolhidas para explorar em grupo, partindo-se assim à descoberta de temas tão distintos como: corpo humano, cores, ovos e galinhas, microscópios e telescópios, Lua, nabos, espelhos, ímanes, insetos, ondas ou pinguins.

ABSTRACT

Page after page we explore science having the story of a book as the starting point. At Exploratório – Centro Ciência Viva de Coimbra, the EXPLORASTÓRIAS program has been running since January 2016. With the help of more than 10,600 big and small explorers, the science hidden in 38 children’s books that address a wide variety of stories and themes has been discovered. The careful selection of books used in this project is made by the Exploratório’s team, and more recently with the collaboration of Livraria Faz de Conto, a partner in the program. An enthusiastic and always positive partnership was also established with several publishers. Almost every book explored is part of the National Reading Plan Catalogue.

Specially designed for children aged 3 to 9, the EXPLORASTÓRIAS program aims simultaneously to promote children's literature and scientific literacy, not only with youngsters but also with the adults who accompany them, family members, educators or teachers. On Sunday mornings, there is a new story to explore every month and even more discoveries are made with the help of parents, grandparents and siblings. During the week days, with school friends and teachers, there are several stories that can be chosen to explore as a group, thus discovering themes as different as the human body, colours, eggs and chickens, microscopes and telescopes, the Moon, turnips, mirrors, magnets, insects, waves or penguins.

PALAVRAS-CHAVE

literatura infantil, literacia científica, promoção de cultura, famílias, escolas

NOTA CURRICULAR DOS AUTORES

Catarina Schreck Reis é doutorada em Biologia na área de Ecologia, pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Paralelamente à formação académica, coordenou entre 2006 e 2008 projetos de promoção da cultura científica dirigidos a crianças do ensino pré-escolar e básico, dos quais resultaram três livros: “Da Semente ao Fruto – à Descoberta do Mundo das Plantas”, “Vamos cuidar da Terra – fazer pouco pode mudar muito” e “Ciência a Brincar 6 – Descobre as Plantas”. Desde abril de 2015 coordena, no Exploratório – Centro Ciência Viva de Coimbra, programas de atividades de ciência com vista à promoção da literacia científica.

Helena Faria é educadora de infância, licenciada em Teatro, Mestre em Estudos da Criança - Análise Textual e Literatura Infantil, formadora creditada pelo Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua, Certificado de Aptidão Profissional do IEFP, e com certificação de formadora em vários programas de Educação. Coordenou projetos ligados à promoção e mediação do livro e da leitura, na Biblioteca/Ludoteca Infantil da Câmara Municipal de Coimbra e na Biblioteca/Ludoteca Itinerante da Fundação Bissaya-Barreto. No Exploratório - Centro Ciência Viva de Coimbra, coordena e dinamiza atividades de mediação e promoção da cultura científica em contexto familiar e em contexto escolar, como, por exemplo, o EXPLORASTÓRIAS.

Aurora Moreira é doutorada em Didática e Formação e Mestre em Comunicação e Educação em Ciência, pela Universidade de Aveiro. Tem experiência profissional como docente na área das Ciências Naturais (Biologia e Geologia), tendo desenvolvido paralelamente a sua investigação no domínio da Didática das Ciências.  Em 2013 iniciou o seu pós-doutoramento na área da Comunicação de Ciência no Centro de Ecologia Funcional (CFE) da Universidade de Coimbra, cujo trabalho desenvolveu no Jardim Botânico da Universidade de Coimbra e, desde 2015, no Exploratório – Centro Ciência Viva de Coimbra, onde coordena projetos de promoção da cultura científica, sobretudo dirigidos ao público escolar.

Paulo Trincão é doutorado em Estratigrafia e Paleobiologia, pela Universidade Nova de Lisboa, e conta com uma larga experiência na docência universitária. Foi comissário de diversas exposições, coordenador de programação de Ciência de Coimbra Capital Nacional da Cultura (2003) e consultor da Agência Nacional Ciência Viva (2003-2005). Dirigiu a Fábrica - Centro Ciência Viva de Aveiro (2004-2009), coordenou a Academia de Artes Digitais de Aveiro (2006) e dirigiu o Jardim Botânico da Universidade de Coimbra (2013-2015). É, desde 2015, o diretor do Exploratório - Centro Ciência Viva de Coimbra. É autor e coautor de diversas obras científicas e infantis.

Introdução

A promoção da cultura científica é, para o Exploratório - Centro Ciência Viva de Coimbra, o seu principal objetivo. No entanto, as formas como a desenvolve são necessariamente distintas tendo em conta o público a que se dirige, a criatividade da equipa que a dinamiza, os parceiros com quem a partilha. O programa EXPLORASTÓRIAS, que decorre desde o início de 2016, promove a exploração de ciência a partir da exploração de livros para a infância. Este programa reúne duas valências de mediação distintas, embora desenvolvidas com íntima conexão: a mediação do livro e da leitura e a mediação da ciência e da literacia científica. Mas porquê associar estas duas valências?

A educação em ciências e o contacto com a ciência na primeira infância é de grande importância em muitos aspetos do desenvolvimento social e cognitivo das crianças (Sackes et al., 2009; van den Heuvel-Panhuizen et al., 2016). Por esse motivo, é atualmente reconhecido e amplamente divulgado que as crianças devem ter acesso e familiarizar-se com a ciência desde tenra idade. Eshach e Fried (2005) sistematizam algumas razões que apoiam essa ideia: 1) as crianças gostam de observar a natureza e de pensar sobre ela; 2) promover o contacto das crianças com a ciência desenvolve atitudes positivas em relação à mesma; 3) expor desde cedo as crianças a fenómenos científicos promove uma melhor compreensão de conceitos científicos mais tarde, na educação formal; 4) o uso de linguagem científica desde cedo influencia o desenvolvimento de conceitos científicos; 5) as crianças conseguem compreender conceitos científicos e pensar de forma científica.

Existe também um consenso crescente entre investigadores em considerar que a literatura para crianças, que inclui livros com imagens e ilustrações, sejam ou não de ficção, pode ser utilizada como uma ferramenta para a educação em ciências, promovendo o interesse e atitudes positivas face à ciência e à sua aprendizagem na infância (Pringle & Lamme, 2005; Sackes et al., 2009). De acordo com Boo-Kyung e Kim (1998), a ciência e a literatura são ambos processos que devem ser construídos pelas próprias crianças: as crianças devem explorar e experienciar o mundo onde vivem e ser incentivadas a construírem significados e relações por si mesmas.

Assim, constata-se que a literatura não só proporciona conteúdos e promove capacidades relacionadas com os processos científicos, como desperta a curiosidade das crianças, promovendo oportunidades para o questionamento (Barnett, 2014). É possível criar contextos que permitam a realização de observações, a formulação de questões e de hipóteses e o alcançar de conclusões a partir de evidências, num ambiente significativo para as crianças, concluindo-se assim que a literatura para a infância representa uma oportunidade única para introduzir a ciência e para interligar a literatura e a ciência na infância.

O programa EXPLORASTÓRIAS pretende promover o interesse em adultos e crianças pela procura de espaços e de atividades de divulgação de ciência, através da realização de atividades especificamente pensadas e desenvolvidas para as famílias, em que a exploração, a descoberta é feita em conjunto, tendo como ponto de partida um livro para crianças. Os principais objetivos deste programa são:

  • valorizar o livro e promover o gosto pela leitura, através da criação de ambientes envolventes, como pontos de partida para a exploração de diferentes realidades que o livro e a história suscitam;
  • promover o contacto com as ciências, que, como tem sido demonstrado, deve ocorrer ainda durante a primeira infância, antes da entrada no ensino formal, através da articulação da leitura com as ciências;
  • estimular a curiosidade natural que as crianças revelam desde muito cedo de explorar o que as rodeia; 
  • incentivar as crianças de modo a adquirirem mais conhecimento, mais cultura, mais educação e mais espírito crítico, nomeadamente nas áreas científicas.

1. O surgir de um novo programa

No Exploratório - Centro Ciência Viva de Coimbra, o lema é Há Ciência para Todos e nos últimos anos tem sido desenvolvida uma programação diferenciada para vários públicos tendo em consideração as suas idades, disponibilidades e interesses, sempre com o objetivo de promover a educação e a cultura científicas. O programa EXPLORASTÓRIAS começou a ser planeado em meados de 2015, num período de reestruturação do Exploratório, tendo em vista a criação de um conjunto de novas atividades e valências. Nesse contexto, e pensada especificamente para crianças a partir dos 3 anos de idade em conjunto com as suas famílias, surgiu a ideia de promover a exploração de ciência através das histórias dos livros infantis. 

Em janeiro de 2016 estreou assim o EXPLORASTÓRIAS, um programa que decorre desde então sempre aos domingos de manhã, duas vezes por mês, e que convida as crianças, acompanhadas pelos seus pais, irmãos, tios, primos, avós e também amigos, a descobrirem ou redescobrirem um livro criteriosamente selecionado, a partir do qual se parte para a realização de um conjunto de experiências de ciência que, de uma ou de outra forma, se relacionam com a história do livro apresentado (Schreck Reis et al., 2016).

Os motivos que levaram à criação e ao desenvolvimento do programa EXPLORASTÓRIAS prendem-se simultaneamente com a promoção do livro e da leitura desde a idade pré-escolar e a convicção da necessidade de estimular o entusiasmo e a curiosidade naturais das crianças a partir dos 3 anos. É sabido e comprovado que as competências de questionamento adquiridas na idade pré-escolar são fundamentais e posteriormente transferidas para a aprendizagem da leitura e da escrita. A utilização de livros de histórias como ponto de partida para as explorações de ciência foi a forma escolhida para abordar temáticas muitas vezes complexas e desconhecidas das crianças, mas que se tornam de mais fácil compreensão através da ligação a um livro, à sua história, às suas personagens e às aventuras vividas, estabelecendo-se assim uma relação estreita entre a leitura e as ciências. 

A importância da envolvente familiar foi também um critério importante na definição do modelo implementado para o programa EXPLORASTÓRIAS, que tem vindo a comprovar a sua eficácia ao entusiasmar tanto crianças como adultos na descoberta e partilha de novas aprendizagens, promovendo também hábitos de leitura e de exploração de livros para além das sessões decorridas no Exploratório.

2. A escolha do livro e a importância da forma como o livro é apresentado

O ponto de partida de um EXPLORASTÓRIAS é um livro com uma história. Nesse sentido, a metodologia de trabalho tem início com a escolha criteriosa de um livro de literatura para a infância, que deve apresentar simultaneamente uma narrativa e ilustrações com qualidade e ter potencialidade para a exploração de um tema na área das ciências. O tamanho da obra é também um fator essencial, devendo a história ser contada em 12-15 minutos, bem como a adequação à faixa etária. A definição da qualidade do objeto livro tem em conta que “textos (…) semanticamente ricos apelam, pelos seus espaços em branco e elementos não ditos, explicitamente à cooperação interpretativa dos seus leitores e ostensivamente prometem/sugerem múltiplos percursos de leitura” (Azevedo, 2007), que “o bom livro para crianças constitui excelente roteiro de viagem através de mundos fascinantes. Tudo nele tem sentido e veicula sentidos. [...] os elementos que compõem o livro enquanto objeto não são arbitrários, pois cada um deles é elemento integrante do sistema”, e lhe definem um “grau de coerência intersemiótica” (Riscado, 2011), e que a sua qualidade plástica deve espelhar valores contemporâneos, como realça Silva (2012).

A leitura em voz alta ou a narração de uma história dependem de uma primeira análise do livro na sua globalidade, em que é feito um trabalho de preparação, tal como se se tratasse de uma dramaturgia do objeto livro. É o momento de olhar o livro com olhos de ler: quais as suas características, os seus traços de identidade, o seu enredo (conflitos e clímax), o seu sentido, as suas cores e cheiros, o seu tamanho, as suas esquinas, qual a vida que respira dentro do livro e de dentro para fora.

Traçam-se assim as linhas de ação: que textura(s) de voz usar, que pormenor(es) da narração e/ou da ilustração enfatizar, que ritmos de leitura marcar, quando olhar os ouvintes, quando os escutar ou interpelar, quando marcar silêncios…

A leitura do livro obedece a premissas universais, tais como:

  • o recurso a uma voz expressiva, clara e audível, expansiva ou intimista - conforme o texto requer;
  • a possibilidade de o discurso direto poder ter tonalidades vocais diferentes nas diversas personagens;
  • a possibilidade de enriquecer o texto recorrendo ao uso de onomatopeias e outros elementos da prosódia;
  • o respeito pelo texto poético na sua vertente métrica e rítmica;
  • a opção por contar por palavras próprias quando se trata de um livro álbum;
  • o acompanhamento da narração da história com pequenos diálogos com a plateia em função de pormenores que surgem, ideias e questões que as crianças levantam, nunca descurando a manutenção do ritmo da oralidade, para não se perder o “antes” e o “depois” do enredo e para manter a atenção dos ouvintes.

Como cada sessão de EXPLORASTÓRIAS é produzida para uma lotação máxima de 36 pessoas (crianças e adultos), a apresentação da ilustração de uma grande parte dos livros escolhidos é feita através da projeção de imagens digitalizadas. Estas projeções são pensadas com formatos e em espaços diferentes em função das temáticas de cada livro e em conjunção com as potencialidades do próprio Exploratório. Por exemplo, a projeção do livro Papá, por favor, apanha-me a lua na cúpula a 360º do Hemispherium realçou e enriqueceu o ambiente cósmico em que se desenvolve a história. Todos os livros apresentados neste espaço peculiar tiveram acompanhamento musical. Esta opção artística e interdisciplinar começou com a apresentação do livro de Paloma Valdívia Os de cima e os de baixo, que, segundo a autora, se terá inspirado numa composição musical de Michael Nyman.

A apresentação ou não de texto escrito nas imagens digitalizadas depende do facto de esse texto fazer ou não parte das ilustrações e de acrescentar alguma mais-valia estética e/ou da mensagem à sessão.

Contar as histórias tal como elas pedem para ser contadas implica ouvir as histórias e os livros e acrescentar ou realçar algum pormenor que possa fazer a diferença (V. Figura 1):

  • A história do livro O umbigo do João parece querer ser contada dentro de um útero, pelo que o público ouve e vê o livro aconchegado no chão, debaixo de um paraquedas;
  • A apresentação de Como é que uma galinha... é iniciada pela leitura das guardas do livro, que mostram a passagem de uma galinha por um campo de couves;
  • Na projeção da obra Ké iz tuk? foi mantido o grafismo do texto escrito nas imagens digitalizadas, quer pelo seu aspeto estético, quer pela apresentação de uma nova língua inventada: o insetês!;
  • O trabalho dramatúrgico realizado com o álbum Espelho, em que só existe imagem sem texto escrito, concretiza-se com a interpretação através de onomatopeias, palavras-síntese e música (cantada) da personagem feminina;
  • A apresentação do álbum Zoom permite construir a narrativa com o público, através de um diálogo sobre a observação e análise das imagens;
  • O recurso à transparência na ilustração de O nabo gigante, como se o interior da terra fosse visto através de um corte longitudinal, alimenta um diálogo sobre o interior da terra e suas características, sobre o que é visível e o que não se vê;
  • Em Ivo Neto arquiteto, é explorado em diálogo o pormenor do papel milimétrico da capa;
  • A narração de Vamos à caça do urso respeita a projeção das páginas em banda desenhada, tal como a ilustradora a criou, vincando a sensação de velocidade da fuga ao urso e acelerando o ritmo da leitura;
  • Uma aventura debaixo da terra provoca imensas conversas e análises sobre o real e o imaginário, o verosímil e o inverosímil a partir da própria ilustração, e leva as crianças a procurarem eventuais explicações para situações mais insólitas;
  • A história de Não é nada difícil – o livro dos labirintos é contada com o livro na mão, numa relação de percurso/jogo, que se vai construindo ao longo do próprio enredo e termina com ímanes verdadeiros que surgem nas páginas do livro;
  • O livro Orelhas de borboleta é o suporte de ressonância para uma caixa de música, permitindo ter um acesso sonoro a uma melodia anteriormente muda.

fig. 1

Figura 1 – Diferentes formas de contar e ouvir uma história, em diferentes sessões de EXPLORASTÓRIAS

3. A exploração de conceitos complexos de ciência através de experiências simples

Após a escolha do livro e a preparação da sua apresentação, o segundo passo na planificação de um EXPLORASTÓRIAS diz respeito à cuidadosa pesquisa, seleção e criação de atividades práticas e experiências científicas que se relacionem de alguma forma com a temática abordada no livro. Ao mesmo tempo que as atividades devem ser de simples realização, de forma a poderem ser efetuadas quase autonomamente pelas crianças da faixa etária à qual se dirige o programa, devem também ser inovadoras, diversificadas e motivadoras no que respeita às abordagens e aos materiais utilizados, para permitir que crianças e adultos possam vivenciar experiências únicas e desafiadoras. Os EXPLORASTÓRIAS são, assim, pensados e preparados para envolver todos os participantes, independentemente da sua idade (Moreira et al., 2016). Se, por um lado, os adultos têm uma maior capacidade de relacionar os conhecimentos que possuem, as crianças têm uma maior capacidade de interpretar evidências, sintetizar e tirar conclusões (Ash, 2003). Vários estudos demonstram o papel essencial do envolvimento dos pais e familiares adultos na exploração de novas aprendizagens por crianças (Nadelson, 2013; Riedinger, 2012; van Schijndel et al., 2010), e particularmente na influência das atitudes perante a ciência, o que pode ter um alcance a longo prazo na escolha de carreiras profissionais (Halim et al., 2018).

Antes de cada novo EXPLORASTÓRIAS, todas as atividades são testadas para certificar o seu funcionamento e para avaliar de forma mais correta o tempo necessário para a sua execução. Nesta fase, são também feitas as adaptações necessárias à simplificação e complexificação de algumas atividades, de modo a ter o mesmo desafio com níveis de dificuldade distintos ou níveis de dificuldade crescentes, para conseguir dar resposta às motivações de diferentes participantes.

O conjunto de propostas de atividades práticas e experiências científicas escolhido para ser incluído no guião preparado para cada EXPLORASTÓRIAS interliga-se sempre, de alguma forma, com a história. Pode ser, de uma forma mais direta, com a temática abordada no livro, ou também, de uma forma mais indireta, através de uma imagem que serve como ponto de partida (V. Figura 2).

- Não é nada difícil – o livro dos labirintos termina apresentando uma fácil solução para encontrar uma agulha num palheiro, tendo sido assim que se iniciaram diversas explorações com ímanes;

- Através do livro Pequeno Azul, Pequeno Amarelo explorámos as cores e percebemos, através de várias experiências, que, juntando a cor azul e a cor amarela, às vezes, se obtém a cor verde e, noutras vezes, não!;

- O livro O meu balão vermelho levou-nos a propor um diverso conjunto de experiências que tinham em comum o serem realizadas com balões;

- O senhor Costas, carteiro do livro Uma última carta, serviu-nos de inspiração para lançar o desafio de enviar aos amigos e à família cartas com mensagens secretas ocultadas através de diferentes experiências de ciência baseadas em reações químicas;

- Para explorar o livro 200 amigos (ou mais) para uma vaca foi montada uma verdadeira feira de troca de porcos por coelhos e de patos por avestruzes, que não só entusiasmou adultos e crianças, como, sem que disso se apercebessem, os envolveu durante bastante tempo de forma lúdica em desafios matemáticos de cálculo;

- Ninhos foi um livro que permitiu partir de explorações simples, como a identificação de animais que vivem na água, na terra ou no ar, e que terminou com uma atividade de simples compreensão e execução, mas que tem como fundamento um processo complexo como é a teoria da evolução por seleção natural;

- O livro Artur, que conta a história de um pintainho que vivia dentro de um ovo e da sua saída para um mundo enorme e desconhecido, tornou-se memorável para pequenos e grandes exploradores de ciência que puderam assistir a uma ovoscopia, ver um pintainho a mexer dentro de um ovo, pegar com as suas mãos em pintainhos acabados de nascer.    

fig. 2

Figura 2 – Diferentes atividades e experiências de ciência, em diferentes sessões de EXPLORASTÓRIAS 

Os locais onde os EXPLORASTÓRIAS decorrem são também escolhidos tendo em conta as atividades que se vão desenvolver. O espaço exterior é muitas vezes utilizado quando se quer fazer bolas de sabão que teimam em ser circulares mesmo quando usamos sopradores com formas distintas (O Maluquinho da Bola), ou quando se pretende calcular até onde consegue saltar uma lebre grande e uma lebre pequena (Adivinha quanto eu gosto de ti). Já o espaço de laboratório é o local ideal para realizar experiências com ovos (Como é que uma galinha...) ou com diferentes tipos de solo para explorar a sua permeabilidade (Arrumado). O Hemispherium, sala circular com teto em cúpula, foi a escolha para diversos livros e atividades relacionadas com a lua e as estrelas, a Terra e o espaço (Os de cima e os de baixo, Papá, por favor, apanha-me a lua, Como apanhar uma estrela ou Onde está a lua?). 

Os materiais selecionados para a realização das atividades tanto são de uso comum, facilmente reconhecidos e anteriormente já utilizados pelos participantes  ̶  embora nem sempre com as mesmas funções que habitualmente lhes atribuem, como, por exemplo, o uso de uma lanterna para fazer desenhos de luz (Olhe, por favor, não viu uma luzinha a piscar?)  ̶  , como podem ser materiais de laboratório, que a pouco e pouco vão sendo introduzidos e os seus nomes vão sendo conhecidos e passam a sinónimo de ciência e experiências, como o tubo de ensaio (Pequeno Azul, Pequeno Amarelo), o gobelé (Arrumado) ou o balão de Erlenmeyer (Como é que uma galinha...).

Um outro cuidado tido em conta prende-se com a imagem e a alusão gráfica identificativa nas atividades e experiências realizadas. Por exemplo, numa experiência para explicar o papel das bexigas natatórias dos peixes, que lhes permite manterem-se a determinada profundidade na coluna de água, é apenas necessário usar uma pipeta e uma porca metálica, mas colocar-se na pipeta a imagem de O Senhor Cavalo-Marinho tem imediatamente outro impacto nos participantes.     

4. Antes, durante e após uma sessão de EXPLORASTÓRIAS

Cada sessão de EXPLORASTÓRIAS tem a duração de uma hora e é dinamizada por duas pessoas da equipa do Departamento Educativo do Exploratório. A preparação, dinamização e avaliação de cada sessão de EXPLORASTÓRIAS corresponde às seguintes três fases:

Fase 1. Antes de uma SESSÃO DE EXPLORASTÓRIAS:

  • Seleção do livro a ser explorado e escolha do local e da forma como o livro é apresentado, na maioria das vezes em formato de projeção numa das salas do Exploratório ou na cúpula de 360° do Hemispherium, mas por vezes também diretamente a partir do objeto livro, no espaço da Livraria Faz de Conto existente no Exploratório e parceira deste programa;
  • efinição das temáticas científicas a serem exploradas no contexto do livro escolhido;
  • Pesquisa e elaboração de um conjunto de 3 a 6 atividades práticas e experimentais que se adequem às temáticas científicas definidas para serem exploradas;
  • Realização prévia das atividades e experiências de forma a verificar a sua eficácia e a calcular o tempo necessário para a sua execução; 
  • Preparação dos materiais para cada uma das atividades selecionadas, em número necessário para o limite máximo de participantes de cada sessão de EXPLORASTÓRIAS;
  • Elaboração de um guião detalhado, para uso interno da equipa do Exploratório, com a descrição de todas as experiências, materiais necessários, tempos previstos de duração e locais de realização das atividades;
  • Escolha dos locais onde cada uma das atividades irá decorrer, bem como os percursos que vão ser feitos pelos participantes durante a sessão; 
  • Adequação de metodologias de realização para cada uma das atividades, que podem ocorrer em grande grupo, em dois meios grupos em alternância, em pequenos grupos em simultâneo, com a mesma tarefa ou com tarefas distintas em rotatividade;
  • Elaboração dos materiais gráficos e textos de divulgação para envio através dos diferentes canais online e offline utilizados pela equipa do Departamento de Comunicação do Exploratório.

Fase 2. Durante uma sessão de EXPLORASTÓRIAS:

    Receção dos participantes alguns minutos antes da hora do início e seu encaminhamento para o local onde irá decorrer a sessão, uma vez que se procura abranger diferentes espaços do Exploratório;
  • Apresentação do livro feita de acordo com a preparação efetuada;
  • Passagem para o espaço onde irão decorrer as atividades e experiências, que se realizam também em diferentes zonas do Exploratório e às vezes em vários locais distintos no decorrer de uma sessão;
  • Realização das atividades práticas e/ou experimentais pelos participantes, com a orientação das duas pessoas da equipa educativa que auxiliam as crianças e os adultos dando explicações ou colocando questões e desafios;
  • Reunião de todos os participantes no final, novamente em grande grupo, de forma a sintetizar conjuntamente as aprendizagens feitas na sessão e os desafios ultrapassados, com ênfase nas palavras novas aprendidas, relativas a conceitos, definições ou materiais, como, por exemplo: gravidade, microscópio, leguminosa, miscível, tubo de ensaio, embrião, simetria. 

Fase 3. Após uma sessão de EXPLORASTÓRIAS:

    Despedida dos participantes, com tempo e espaço para pequenas conversas individuais sobre o que mais gostaram de fazer, o que gostariam de repetir, e também pedidos de sugestões de livros e temáticas que gostariam de ver abordados em EXPLORASTÓRIAS futuros;
  • Avaliação após cada sessão, realizada em conjunto pela equipa dinamizadora, com eventual retificação ou ajuste necessário antes da realização da sessão seguinte;
  • Periodicamente, avaliação realizada junto dos participantes adultos, em formato de questionário online, com vista à perceção do seu nível de satisfação e à recolha de sugestões que possam traduzir-se em melhorias do programa.  

5. A opinião das famílias exploradoras de histórias

Com o objetivo de conhecer a opinião dos participantes nas sessões do programa EXPLORASTÓRIAS, foi realizado, no final de 2016 e no final de 2017, um questionário online dirigido a todos os adultos participantes desde o início do programa, que podiam responder em conjunto com as crianças com quem tinham explorado histórias.

A grande maioria das sessões foi avaliada com Muito Bom e os aspetos mais valorizados do programa foram o interesse das atividades, a qualidade dos livros apresentados, a relação entre a história e as atividades, a interação da equipa dinamizadora com os participantes e a participação ativa das crianças nas atividades e experiências. As sugestões de melhoria referidas foram: o aumento do número de sessões, a redução do número de participantes em cada sessão e a repetição de algumas histórias exploradas anteriormente.

As propostas recebidas foram tidas em consideração, tendo-se duplicado o número de sessões, diminuído o número máximo de participantes e, em meses alternados, colocado à votação do público EXPLORASTÓRIAS já realizados anteriormente, para que o mais votado pudesse ser repetido. Nos restantes meses, novas histórias com ciência iam sendo exploradas.

As opiniões manifestadas por adultos e crianças nestas sessões espelham o espírito e o nível de envolvimento e satisfação nas sessões de EXPLORASTÓRIAS, como revelam os comentários deixados nos questionários dirigidos aos participantes do programa (V. Figura 3).

fig. 3

Figura 3 – Comentários registados nos questionários online por vários participantes do programa EXPLORASTÓRIAS

6. Explorar histórias e ciência também com os amigos da escola

Tendo sido inicialmente pensado para decorrer apenas em contexto familiar, duas vezes por mês aos domingos de manhã, o programa EXPLORASTÓRIAS rapidamente passou a ser realizado também em contexto escolar. O pedido chegou de várias escolas que foram tendo conhecimento do programa através das crianças e dos pais que participavam nas sessões em família que decorriam ao fim de semana no Exploratório. Deste modo, logo a partir de março de 2016, as histórias que mensalmente eram apresentadas em primeira mão às famílias passaram a estar disponíveis também para grupos escolares no Exploratório, por marcação prévia, durante os dias de semana.

As sessões de EXPLORASTÓRIAS desenvolvidas com grupos familiares e com grupos escolares, mesmo tendo por base a apresentação do mesmo livro e a realização das mesmas atividades de ciência, são necessariamente distintas em alguns pontos-chave, dependendo das características dos grupos. O fator mais distintivo  ̶  e que tem naturalmente implicações na adaptação de algumas metodologias utilizadas  ̶  prende-se com o rácio adulto:criança, que nos grupos familiares é habitualmente de 1 para 1 e nos grupos escolares chega a ser, em muitas situações, de 1 para 10. Esses valores são evidentes na Figura 4, que apresenta os dados totais relativos ao número de participantes das mais de quatrocentas sessões de EXPLORASTÓRIAS realizadas, das quais cerca de 1/3 com público familiar e 2/3 com público escolar.   

fig. 4

Figura 4 – Sessões e participantes do programa EXPLORASTÓRIAS desde janeiro de 2016 a março de 2020 

As sessões de EXPLORASTÓRIAS dirigidas ao público escolar, apesar de apresentarem um rácio maior de crianças, têm a vantagem de serem dirigidas a participantes com idades, conhecimentos e capacidades de algum modo similares, sendo assim as atividades desenvolvidas para grupos mais uniformes. Por seu lado, nas sessões em que os participantes são as famílias, há sem dúvida uma maior entreajuda entre pessoas de diferentes gerações, que apresentam conhecimentos e capacidades muito distintas. Mas o sucesso das sessões depende também das atividades realizadas e da forma como são apresentadas, que devem ser simultaneamente motivadoras para pessoas com idades tão distintas. E, de facto, em todas as sessões de EXPLORASTÓRIAS, tanto adultos como crianças aprendem algo de novo, surpreendendo-se com a realização e o resultado das experiências propostas.    

7. Livros com ciência escondida, prontos para serem explorados

Ao longo de um pouco mais de quatro anos, foi explorada a ciência escondida nas páginas de um total de trinta e oito livros para crianças nas muitas sessões de EXPLORASTÓRIAS realizadas.

A quase totalidade dos livros selecionados faz parte do Catálogo do Plano Nacional de Leitura 2027, tal como indicado na listagem que apresenta todos os livros já explorados neste programa.

Tabela 1 – Livros para crianças e principais conceitos científicos explorados no programa EXPLORASTÓRIAS entre janeiro de 2016 e março de 2020

N.º

Livro

Autor

Editora

Plano Nacional de Leitura 2027

Data 1.º Exploratórias

Principais conceitos Científicos Explorados

1

Cá em casa somos...

Isabel Minhós Martins e Madalena Matoso

Planeta Tangerina

Literatura – 6-8 anos – Inicial

janeiro 2016

 

Biologia, família, anatomia, alimentação, matemática, quantidades, dimensões, par/ímpar, medições, partes do corpo, animais racionais e irracionais

2

Os de cima e os de baixo

Paloma Valdivia

Kalandraka

Literatura – 3-5 anos – Pré-leitura

fevereiro 2016 e abril 2017

Geografia, pontos cardeais, planeta Terra, hemisférios, equador, estações do ano, física, força da gravidade, força centrífuga, temperatura

3

Como é que uma galinha...

Isabel Minhós Martins e Yara Kono

Planeta Tangerina

Literatura – 3-5 anos – Pré-leitura

março 2016 e fevereiro 2018

Animais, revestimentos do corpo, biologia, anatomia, física, pressão, estados físicos da matéria, ovo cozido, ovo cru, química, reação e reagentes

4

Zoom

Istvan Banyai

Kalandraka

Artes – 9-11 anos – Mediana

abril 2016 e

agosto 2017

Perto, longe, grande, pequeno, distância, infinito, física, astronomia, telescópio, microscópio, ótica, convexa e côncava, perspetiva, ponto de vista

5

Pequeno Azul e pequeno Amarelo

Leo Lionni

Kalandraka

Literatura – 3-5 anos – Pré-leitura

maio 2016 e fevereiro 2020

Cores primárias e complementares, cores da luz, cores dos pigmentos, química, física, subtração, adição, luz, sombra, miscível e imiscível, cromatografia

6

O meu balão vermelho

Kazuaki Yamada

Gato na Lua

Literatura – 3-5 anos – Pré-leitura

junho 2016 e fevereiro 2017

Balão, viagem, animais, física, ar, massa, densidade, eletricidade estática, elasticidade, força centrífuga, velocidade

7

Vamos à caça do urso

Michael Rosen e Helen Oxenbury

Caminho

Literatura – 3-5 anos – Pré-leitura

julho 2016 e

junho 2017

Habitat, ecologia, ecossistema, floresta, zoologia, botânica, observação, recolha, registo, classificação, textura, temperatura, atrito, aderência

8

Quero um abraço

Simona Ciraolo

Orfeu Negro

Literatura – 3-5 anos – Pré-leitura

agosto 2016

Biologia, geologia, cato, rocha, clima, deserto, calor, água, alimento, armazenamento, espinho/folha, ser vivo, ser não vivo

9

O nabo gigante

Alexis Tolstoi e Niamh Sharkey

Livros Horizonte

Literatura –  6-8 anos – Inicial (para a versão de António Mota, Edições ASA II, 2017)

setembro 2016

Semente, planta, biologia, agricultura, fruto, raiz, caule, leguminosa, grão, vagem, semear, germinar, plantar, número, força, matemática, física

10

Artur

Oli e Marc Taeger

Kalandraka

Literatura – 3-5 anos – Pré-leitura

outubro 2016 e outubro 2017

Embriologia, ovo, óvulo, galinha, pinto, ovoscopia, nascimento, eclosão, ovíparo, vivíparo, mamífero, ave, réptil, peixe, aracnídeo, tamanho, medição, tridimensionalidade, regular, irregular

11

Papá, por favor, apanha-me a lua

Eric Carle

Kalandraka

Literatura – 3-5 anos – Pré-leitura

novembro 2016

Lua, noite, céu, fases da Lua, eclipse, movimentos de translação e de rotação, astronomia, propulsão, foguetão, alunar, aterrar, cratera, mar

12

365 pinguins

Jean-Luc Fromental e Joëlle Jolivet

Orfeu Negro

Literatura – 3-5 anos – Pré-leitura

dezembro 2016 e dezembro 2017

Matemática, biologia, química, Antártida, ano, torre, pirâmide, ao quadrado, ao cubo, impermeabilidade, derme, epiderme, penas, gordura, ponto de fusão, estados físicos da matéria, gelo, água, sal

13

Espelho

Suzy Lee

Gatafunho

Arte – 6-8 anos – Inicial

janeiro 2017 e outubro 2018

Ótica, luz, sombra, reflexo, física, simetria, ângulo, movimento, imagem, ilusão, plano, curvo

14

O senhor cavalo-marinho

Eric Carle

Kalandraka

Ciências e Tecnologias – 3-5 anos; 6-8 anos – Pré-leitura - Inicial

março 2017 e agosto 2018

Peixe, ovos, pai, mãe, biologia, ecologia, física, crescimento, idade, escama, bexiga natatória, afundar, flutuar, densidade, massa, ótica, movimento, imagem

15

Adivinha quanto eu gosto de ti

Sam McBratney e Anita Jeram

Caminho

Literatura – 3-5 anos – Pré-leitura

maio 2017 e dezembro 2018

Matemática, biologia, física, proporção, tamanho, largura, altura, comprimento, distância, força, alavanca, medição, metro, centímetro, polegada

16

Uma última carta

Antonis Papatheodoulou e Iris Samartzi

Kalandraka

Arte – 3-5 anos; 6-8 anos – Pré-leitura – Inicial

julho 2017 e

abril 2018

Comunicação, química, mensagem, carta, código, correspondência, correio, escrita secreta, criptografia

17

Ké Iz Tuk?

Carson Ellis

Orfeu Negro

Literatura – 3-5 anos – Pré-leitura

setembro 2017

Inseto, aracnídeo, artrópode, gastrópode, biologia, estações do ano, tempo, clima, alterações, transformações, metamorfose

18

“Edwina, a dinossauro-menina que não sabia que estava extinta”

Mo Willems

Hyperion Books for Children

(Livro não publicado em português)

novembro 2017 e junho 2018

Paleontologia, dinossauro, Jurássico, registo, fóssil, geologia, ecologia, Terra, Universo, história, tempo, passado e presente, extinção

19

Como apanhar uma estrela

Oliver Jeffers

Orfeu Negro

Literatura – 3-5 anos – Pré-leitura

janeiro 2018

Estrela, astro, céu, Terra, mar, astronomia, matemática, forma, natureza, raio, luz, calor, constelação, cristais, bórax, química

20

Uma aventura debaixo da Terra

Mac Barnett e Jon Klassen

Orfeu Negro

Literatura – 6-8 anos – Inicial

março 2018

Mineral, rocha, geologia, Terra, manto, camadas geológicas, propriedade, densidade, sonda, perfuração, componentes, ácido, reação química, dióxido de carbono

21

O umbigo do João

Ramón Aragüés e Francesca Chessa

OQO

Ciências e Tecnologias - Literatura – 3-5 anos; 6-8 anos – Pré-leitura – Inicial

maio 2018

Corpo humano, órgãos, forma, tamanho, localização, função, biologia, nascimento, embrião, parto

22

O Maluquinho da Bola

Luísa Ducla Soares e Pedro Leitão

Livros Horizonte

____

julho 2018

Bola, esfera, circunferência, círculo, matemática, química, física, onda, movimento, ritmo, densidade, material, elasticidade

23

Ivo Neto, arquiteto

Andrea Beaty e David Roberts

ASA

____

setembro 2018

Construções, edifícios, pontes, formas, equilíbrio, monumentos, física, matemática, arquitetura, engenharia

24

Olhe, por favor, não viu uma luzinha a piscar?

Bernardo Carvalho

Planeta Tangerina

Literatura – 3-5 anos – Pré-leitura

novembro 2018

Luz, fluorescência, fosforescência, luminescência, bioluminescência, quimioluminescência, ultravioleta, eletricidade, ligação elétrica, corrente, conduta, polos

25

200 amigos (ou mais) para uma vaca

Alessia Garilli

Livros Horizonte

Literatura – 3-5 anos – Pré-leitura

janeiro 2019

Animais domésticos e selvagens, biologia, matemática, quantidade, soma, subtração, correspondência, divisão, multiplicação

26

Triângulo

Mac Barnett e Jon Klassen

Orfeu Negro

Literatura – 3-5 anos – Inicial

fevereiro 2019

Triângulos, quadriláteros, formas, figuras, regular e irregular, matemática, geometria, tamanhos, conjuntos, tato, ângulos, lados

27

Não é nada difícil – o livro dos labirintos

 Madalena Matoso

 Planeta Tangerina

Arte - Literatura – 6-8 anos – Inicial

 março 2019

Íman, magnetismo, força magnética, polos, atração, repulsão, labirinto, caminho, física, matemática

28

Ninhos

Pepe Márquez e Natalia Colombo

 Kalandraka

Literatura – 3-5 anos – Pré-leitura

 abril 2019

Aves, pássaros, ninhos, habitat, ovos, alimento, bicos, forma, biologia, presa, predador

29

Rosa Meira, engenheira

Andrea Beaty e David Roberts

ASA

Cultura e Sociedade – Literatura – 6-8 anos – Inicial

maio 2019

Engenharia, construção, física, matemática, movimento, hélice, aerodinâmica, aeronáutica, ângulos, helicópteros, aviões

30

Pé ante pé

Leo Lionni

Kalandraka

Literatura 0-2 anos; 3-5 anos; 6-8anos – Pré-leitura – Inicial

junho 2019

Medição, unidade de medida, instrumentos de medição, termómetro, balança, metro, decibelímetro, biologia, animais, famílias, habitat

31

Onde está a lua?

Jordi Amenós e Albert Arranjás

Akiara Books

____

julho 2019

Lua, fases da Lua, astronomia, astronauta, órbita, alunagem, propulsão, ação/reação, gravidade

32

Onda

Suzy Lee

Gatafunho

Literatura – 3-5 anos – Pré-leitura

agosto 2019

Água, mar, onda, densidade, vácuo, afundar, flutuar, parafuso, irrigação, mecanismo, solubilidade, cristal, sal

33

Herberto

Lara Hawthorne

Bruaá

Literatura – 3-5 anos – Pré-leitura

setembro 2019

Inseto, aracnídeo, artrópode, gastrópode, habitat, características, alimentos, metamorfoses

34

Arrumado

Emily Gravett

Livros Horizonte

Literatura – 3-5 anos – Pré-leitura

outubro 2019

Florestas, poluição, ecologia, ecossistema, biodegradável, solo, porosidade, impermeabilidade, separação de lixos, reciclar, reutilizar, proteger

35

Jaime e as bolotas

Tim Bowley e Inés Vilpi

Kalandraka

Literatura – 3-5 anos – Pré-leitura

novembro 2019

Botânica, carvalho, árvore, fruto e fruta, fruto e semente, forma, bolota, folha, persistente e caduca, temperatura, textura, física, equilíbrio, quantidade, peso, massa, medição

36

Orelhas de borboleta

Luisa Aguilar e André Neves

Kalandraka

Literatura – 3-5 anos – Pré-leitura

dezembro 2019

Som, silêncio, audição, vibrações, ondas, ouvido e orelha, biologia, física, ouvir o som, ver o som, raios lazer, figuras de Lissajous

37

Pato? Coelho!

Amy Krouse Rosenthal

Presença

Literatura – 3-5 anos – Pré-leitura

janeiro 2020

Ilusão de ótica, imagem, cinema, animação perspetiva, geometria, física, ótica, ângulo, profundidade de campo

38

A Lagartinha muito comilona

Eric Carle

Kalandraka

Literatura – 0-2 anos – Pré-leitura

março 2020

Alimentação, metamorfose, lagarta, borboleta, casulo, textura, tato, quantidade, tempo, dias da semana, biologia

8. Parcerias que fazem a diferença

O contacto com as editoras dos livros selecionados para as sessões de EXPLORASTÓRIAS é sempre uma prioridade, não só para dar a conhecer o programa desenvolvido, como para solicitar autorização de utilização dos livros e da sua imagem. Num total de treze editoras contactadas até à data (V. Figura 5), a resposta foi sempre afirmativa e, em vários casos, incentivadora. As próprias editoras sugeriram ainda outros livros que consideravam poder ser interessantes para o programa, disponibilizando-se para partilhar, nos seus meios de comunicação habituais, as sessões promovidas pelo Exploratório.

parcerias

Figura 5 – Parcerias estabelecidas no âmbito do programa EXPLORASTÓRIAS

No final do ano de 2017, o Exploratório – Centro Ciência Viva de Coimbra ganhou um novo espaço e, com ele, o programa EXPLORASTÓRIAS ganhou uma nova e importante parceria. Dentro do Exploratório, instalou-se a FAZ DE CONTO LIVRARIA, especializada em livros infantis, ilustração e pop-ups.

A livreira Sofia tem vindo desde então a desenvolver um trabalho notável na promoção do livro e da leitura, dentro e fora de portas, de uma forma cuidada, continuada e sustentada. Desde então, o objeto livro passou a ter um destaque ainda maior, com várias sessões de EXPLORASTÓRIAS a começar com a apresentação do livro feita no espaço da Faz de Conto. Desde então, todas as sessões passaram a ter a complementaridade de uma montra composta de outros títulos alusivos ao mesmo tema ou ao mesmo autor. Esta livraria facilita a atualização editorial do projeto, simplificando o acesso às últimas novidades de qualidade. A escolha dos livros a explorar é feita pela equipa do Exploratório em colaboração com a livreira Sofia. Em conjunto, criaram também uma nova fórmula que passou a mediar o tempo entre o final da história e o início da exploração científica. Pequenos e grandes exploradores repetem hoje com um sorriso: “A história a acabar, a ciência a começar!” (Faria et al., 2018).

Conclusão

Em 2020, o EXPLORASTÓRIAS iniciou o seu quinto ano de programação ininterrupta, com um livro para explorar todos os meses do ano, dois domingos por mês. As famílias que passaram a fazer deste um programa regular, que se levantam cedo aos domingos de manhã para ouvir histórias e explorar ciência (e algumas vêm de longe - Lousã, Miranda do Corvo, Figueira da Foz, Leiria, Guarda, ...) são cada vez mais!

A mãe Marta escreve na agenda qual é o domingo escolhido e a filha Pilar controla aquele registo com toda a atenção…

A Leonor e o Guilherme já são irmãos de “segunda geração”!

Algumas famílias marcam encontros com outras famílias ou com os primos…

As crianças pedem temas específicos (“Ainda não fizemos nenhum EXPLORASTÓRIAS sobre vulcões!”) e também os pais se propõem colaborar (“Quando quiserem fazer um EXPLORASTÓRIAS sobre dentes, eu estou disponível para ajudar!”).

Alguns pais ficam tão surpreendidos com as descobertas feitas em escassos minutos que chegam a tornar-se autónomos dos filhos e… sem querer, também eles derramam risos de espanto ao ver os desenhos que o som faz na parede!

A mãe do Daniel conta-nos ao ouvido que aproveita as sessões de domingo em que participa com o filho para tirar ideias para pôr em prática na semana seguinte com as crianças do jardim de infância onde é educadora…

E de quinze em quinze dias, à equipa do Exploratório junta-se uma equipa de pequenos, médios e grandes exploradores e a expedição científica acontece!

À equipa responsável pelo programa resta preservar a sua existência e zelar pela manutenção da qualidade deste programa. Porque, ao que tudo indica, o passado e o presente deste programa apontam para um futuro feliz.

REFERÊNCIAS

Ash, D. (2003). Dialogic Inquiry in Life Science Conversations of Family Groups in a Museum. Journal of Research in Science Teaching, 40(2), 138-162.

Azevedo, F. (2007). Formar leitores. Lidel Edições.

Barnett, M. (2014, June). Why a good book is a secret door [Video] TEDxSonomaCounty. Disponível em https://www.ted.com/talks/mac_barnett_why_a_good_book_is_a_secret_door - t-16318

Boo-Kyung, C. & Kim, J. J. (1998, April 15-18). Literature based science activities in kindergarten through children´s picture books [Conference presentation]. Association for Childhood Education International, Tampa, Florida, United States of America. Disponível em https://files.eric.ed.gov/fulltext/ED420526.pdf

Eshach, H. & Fried, M.N. (2005). Should Science be Taught in Early Childhood? Journal of Science Education and Technology, 14, 315–336. Disponível em  https://doi.org/10.1007/s10956-005-7198-9

Faria, H., Correia, S., Trincão, P., Moreira, A. & Schreck Reis, C. (2018, 10-12 outubro). A história a acabar, a ciência a começar! [Apresentação em Conferência] SciCom 2018 – 6.º Congresso de Comunicação de Ciência – Ciência: Aberta à Sociedade, Figueira de Castelo Rodrigo, Portugal.

Halim, L. Rahman, N.A., Zamri, R. & Mohtar, L. (2018). The roles of parents in cultivating children´s interest towards science learning and careers. Kasetsart Journal of Social Sciences, 39, 190-196. Disponível em https://doi.org/10.1016/j.kjss.2017.05.001

Moreira, A., Schreck Reis, C. e Trincão, P. (2016, June 9-11). Explorastórias... is science... is experimenting... is family. [Conference presentation]. European Network of Science Centres and Museums - Ecsite Annual Conference: Colours of Cooperation, Graz, Austria.

Nadelson, L.S. (2013). Who is watching and who is playing: parental engagement with children at a hands-on science center. The Journal of Educational Research, 106(6), 478-484. Disponível em https://doi.org/10.1080/00220671.2013.833010

Pringle, R. M., & Lamme, L. L. (2005). Using Picture Storybooks to Support Young Children's Science Learning. Reading Horizons: A Journal of Literacy and Language Arts, 46(1)1-15. Disponível em https://scholarworks.wmich.edu/reading_horizons/vol46/iss1/2

Riedinger, K. (2012). Family connections: family conversations in informal learning environments. Childhood Education, 88(2), 125-127. Disponível em https://doi.org/10.1080/00094056.2012.662136

Riscado, L. (2011). Ler antes de dar a Ler no jardim de infância – algumas (significativas) mudanças na lei da oferta e da procura. Cadernos de Educação de Infância, 92, 13.

Sackes, M., Trundle, K.C. & Flevares, L.M. (2009). Using Children’s Literature to Teach Standard-Based Science Concepts in Early Years. Early Childhood Education Journal, 36, 415–422. Disponível em https://doi.org/10.1007/s10643-009-0304-5

Schreck Reis, C., Faria, H., Moreira, A. e Trincão, P. (2016, 26-27 maio). Explorastórias - Pequenas histórias para grandes explorações. [Apresentação em Conferência] SciCom 2016 - Congresso Nacional de Comunicação de Ciência - A ciência não é só dos cientistas, Lisboa, Portugal.

Silva, J. (2012, Julho, 4). Jorge Silva – Entrevista. Ilustração Contemporânea Portuguesa. Disponível em https://vimeo.com/45203402

van den Heuvel-Panhuizen, M. Elia, I & Robitzsch, A. (2016). Effects of reading picture books on kindergartners’ mathematics performance. Educational Psychology, 36(2), 323-346. Disponível em https://doi.org/10.1080/01443410.2014.963029

van Schijndel, T.J.P., Franse, R.K. & Raijmakers, M.E.J. (2010). The exploratory behavior scale: assessing young visitors ́ hands-on behavior in science museums. Science Education, 94(5), 794-809. Disponível em https://doi.org/10.1002/sce.20394

logo
logo
2020 © Plano Nacional de Leitura